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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O SIGNIFICADO DE ARBITRAR: PERCEPÇÕES DE JUÍZES DE FUTEBOL

O significado de arbitrar: percepções de juízes de futebol
A partir da análise dos discursos, cinco categorias se apresentaram: relação com o futebol; custos da prática; emoção para a arbitragem; interação social e meios de vida
Maria Regina Ferreira Brandão; Sidónio Serpa; Ruy Krebs; Duarte Araújo; Afonso Antonio Machado
Resumo

O objetivo do estudo foi analisar o significado que tem para os árbitros e assistentes do futebol profissional português o ato de arbitrar. Foram avaliados 47 árbitros da primeira divisão da Liga Portuguesa de Futebol Profissional através de uma pergunta geral: “Escreva o que siginifica arbitrar para você”.
A análise dos discursos foi feita de acordo com os procedimentos recomenados por Miles e Huberman (1994). E cinco categorias se apresentaram: relação com o futebol; custos da prática; emoção para a arbitragem; interação social e meios de vida.
Os resultados mostraram que estar conectado ao mundo do, a paixão e a relação com outros árbitros são fatores motivacionais importantes e que fazem com que os mesmos tenham altos graus de excitação e prazer em sua atividade laboral. Também se pode entender que a tarefa de arbitrar é geradora de estresse e burnout.
Introdução
De acordo com Weinberg y Richardson (1990), Cruz (1997) e Valdés e Brandão (2003) a arbitragem desportiva deveria ser um campo espec ífico de investigação da Psicologia do Esporte, já que o comportamento dos árbitros tem um grande impacto não somente no desempenho dos jogadores (Philippe et al., 2009) como também alternando involuntariamente o resultado final de uma partida ou de uma competição (Guillén y Jiménez, 2001).
É interessante notar que a evolução e intervenção psicológica na arbitragem até o momento não tem recebido a atenção necessária por parte dos investigadores, em comparação com os estudos realizados em desportistas ou treinadores de modalidades (Gimeno et al., 1998). Para Guillén e Jiménez (2001) ao contrário do que possa parecer em um primeiro momento, a arbitragem representa uma grande complexidade, fazendo-se necessário um maior conhecimento e profundidade da mesma.
O contexto da arbitragem inclui aprendizagem, prática e treinamento de habilidades; o desenvolvimento, a implementação e a avaliação de metas a curto prazo na busca de metas a longo prazo; aprender a lidar com o fracasso e o êxito; aprender a aceitar a retroalimentação dos outros e apreciar o valor da moticação, do esforço e da persistência. Em outras palavras, o contexto do trabalho arbitral inclui a avaliação e a comparação social, como quase sempre, o resultado dos esforços individuais dos árbitros são públicos, tanto aos companheiros, como a pessoas significativas (Woolger y Power, 1993).
Em geral, a atividade dos árbitros no futebol está associada a diferentes condições que geram estresse psicológico. As críticas por parte dos treinadores, jogadores, meios de comunicação e fãs, assim como A “raiva” dos entusiastas que comumente creem que eles tendem a perseguir sua equipe (Balch y Scott, 2007); o abuso verbal, as ameaças físicas, as agressões e a avaliação pelos companheiros de arbitragem (Weinberg y Richardson, 1990; Luz, 2000; Alonso-Arbiol et al., 2008) fazem parte do dia a dia dos árbitros. Taylor et al. (1990); Garcés de los Fayos, Elbal y Reyes (1999); Luz (2000) indicaram como consequência burnout e aposentaria premature que podem refletir o fracasso em lidar com pertubações devidas aos conflitos interpessoais, conflitos de papéis, medo do fracasso e ambiente de trabalho ruim.
Os processos subjetivos de avaliação de uma atividade ajudam a guiar o comportamento, definem metas e estabelecem padrões de conduta. Em outras palavras, a subjetividade pode esclarecer o papel ativo das pessoas em perceber a realidade e guiar suas atitudes e comportamentos no esporte, sua direção e intensidade. Mas a subjetividade está constituída por diversos elementos que procedem de diferentes esferas da experiência, o que significa que ao invés de relacionados com o ambiente social, são essencialmente ligados a ela (González Rey, 2003).
O arbitrar, como qualquer atividade desportiva não é apenas a expressão de necessidades fisiológicas, mas também dos processos subjetivos que orientam sua prática. Cremos que a forma em que o árbitro subjetiva sua atividade no contexto em que ele corresponde atuar pode gerar ativações emocionais diferencidas.
Os sentidos subjetivos de cada árbitro, altamente diferenciados e muito pessoais em sua configuração, vão provocar todo um conjunto de reações também diferenciadas.
Portanto, o objetivo do estudo foi avaliar a percepcão dos árbitros e assistentes de futebol da primeira divisão da Liga Portuguesa de Futebol Profissional sobre o significado que para eles tem o ato de arbitrar tendo em conta a categoria, sua condição de árbitro ou assistente, se o nível onde atua é nacional ou internacional e o tempo de experiência.
Para atingir a meta, foi utilizada uma abordagem qualitative. Esse tipo de abordagem permitiu que os investigadores se introduzissem na trama subjetiva dos árbitros relacionada com sua profissã, além de avançar na compreesão das experiências dos participantes expressas em temas tratados nas entrevistas.
FONTE:
UNIVERSIDADE DO FUTEBOL.

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